8.30.2005

ImaGINI!

O matemático italiano Conrado Gini inventou uma medida para a distribuição da renda de um determinado grupo, baseada em dada equação que compara o quanto da renda fica com os mais ricos e o quanto dela fica com os mais pobres. Sem entrar no mérito matemático-estatístico, quanto mais próximo de zero for o índice de Gini, mais proporcional é a distribuição; quanto mais perto de 1, maior é a concentração. Assim, se os 20% mais ricos ficarem com 20% da renda e os 20% mais pobres com 20% dela, estaremos em um país economicamente equilibrado.

Entra governo e sai governo, com os mais variados receituários econômicos, de 1960 para cá, o índice de Gini brasileiro situou-se entre 0,5 e 0,6, aproximadamente. Em 2004, era 0,576, 120° do mundo, quando, na Dinamarca, o índice ficava em 0,247, o 2° melhor do mundo; mas não somos dinamarqueses, ora. Pois Portugal estava em 67°, com 0,385. Esses dados ficam somente para comparação – pois o que deve ser observado é que, seja com Jucelino, Jango, militares, Collor, FHC ou Lula, passando por Sarney e Itamar, e seus respectivos macro-economistas, a distribuição da renda nacional fica ali, entre o ruim e o péssimo. Percebeu? Não é de economia que estamos falando – tão somente de curiosa, para não dizer perversa, constatação: se a economia cresce ou desanda, a mandar pra casa ou pra rua um monte de gente; se a inflação é latente ou pungente; se é a esquerda ou a direita quem governa; ou se o regime é aparentemente democrático ou ostensivamente seu oposto, tanto faz: o Brasil é mais concentrado que leite em pó - sendo que, tal como o velho Leite Glória, vive desmanchando sem bater.

E agora? Ora, José! (Saravá, sinhô Carlos.) Não vá você perguntar aos políticos ou aos seus macro-economistas, nem mesmo aos economistas de plantão na tv, com suas respostas e fórmulas prontas, nem ainda aos bons economistas – os há – o que fazer. Ao contrário; responda depressa: se a distribuição da renda brasileira fosse melhor, (1) haveria tantos farsantes na política? (2) Se você, José, é pobre, seria mais pobre do que é? (3) E se você é rico – seria menos rico do que é? Ah! Você, além de não ser José, é rico, sim; e nem vai-se dar ao trabalho de responder esta questão. Afinal, você não é Papai Noel pra sair distribuindo sua renda pros outros e, com o mesmo direito de nós, menos ricos que você, não confia nem um pouco na gestão dos impostos, gordos impostos arrecadados pelo governo brasileiro – seja ele qual for; não é? No entanto, meu amigo ou amiga cujo nome não sei, se a renda fosse melhor distribuída, até os impostos seriam menores, como menor seria sua dor de cabeça, seja ela por causa da indecisão entre atrasar a conta do telefone ou a da luz, seja a de blindar ou não e em que porção seu belo automóvel.

Mas é muito fácil falar, não é? Ora, se de JK a Lula, nada muda? Se o governo não faz, - isso não é coisa pro governo fazer? Se tanto “fera” em economia não resolve, que petulância é essa, - de vir com liçõezinhas rasteiras e perguntinhas sem resposta?

Só nos resta esperar pelas mais novas gerações e sua superior sabedoria. Só que, no meio delas, vai crescendo a legião dos que não pedem; mandam - com o ferro na mão. Sacou? Não? Ele, sim. Ah, nem pense em se armar e sacar antes! Ele é muito mais rápido; e cresce na razão direta do índice de Gini – que nos EUA-2004 era igual a 0,408, ou o 76° mundial.

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