1.22.2012

PERGUNTAS, SAMBAS E FOTOGRAFIAS

Meu amigo Luiz Mauro Beethoven, em resposta a uma mensagem minha, gentilmente me chama de Lima Barreto e me pergunta se a letra de um samba que escrevi há alguns anos tem música. Sim, eu respondo, mas, como foi feita por mim, que não sou Beethoven nem sambista, pode se parecer com a de um outro samba, como saber? E como grafá-la, se não sou pianista como os dois Luíses Beethovens? Meu amigo, que já desfilou numa escola de samba, me manda uma foto de um quarto (será uma sala?) que fica numa cidade chamada Modesto, na Califórnia, da casa de um amigo dele, onde, numa estante, se encontra um exemplar do meu romance “A revolução do silêncio”. Essa revolução nasceu “A dinastia de Ricardo Coração dos Outros”, nome do professor de violão de Policarpo Quaresma, claro, de Lima Barreto, primeiro e único. Luiz Mauro me pergunta se haverá outro livro meu no oeste americano. Modesto, pergunto: haverá uma Califórnia? Ou tudo não passou de um sonho de um dia de inverno, quando alguém entrou numa igreja e fingiu rezar? E uma Liverpool onde um baixista canhoto pergunta de onde todas as pessoas solitárias vêm e a quem elas pertencem, haverá? Onde metade do que um míope diz é sem sentido, mas ele diz assim mesmo, para alguém de olhos de concha e cabelos de céu flutuante, enquanto uma guitarra suavemente chora? Um submarino amarelo, uma banheira, haverá uma banheira com duas cantoras e dois cantores dentro, alguém sabe? Eu e meu irmão, que também se chama Luiz e, como eu, nada sabe de piano, já fomos vizinhos do Luiz Mauro, na Rua Álvaro Ramos, em Botafogo, em frente ao Barbas, um bar do Nelsinho Rodrigues e outros barbudos, para onde eu sempre fugia de uma empregada que não gostava de mim, por mera questão de reciprocidade. Luiz Mauro, na mesma mensagem, me manda um link com fotos do aniversário da Rosa, quando estivemos com ele. Ela me diz, Salva as fotos, grava! Rosa supõe que links sejam como banheiras com cantoras e cantores dentro: passageiros. Eu acho que ela tem razão. Algo que eu nunca tive. Com meu especial abraço para o Luiz Mauro Gomes Silveira, meu amigo Beethoven II, aí vão a letra, a foto e o link.

EU, GRANDE GATSBY

O meu pai é barítono,
eu nasci tenor.
A mãe é Flamengo, eu,
tricolor.
Pedi uma Coca,
só tinha Pepsi,
eu, grande Gatsby,
já não tenho glamour.
Mon amour toujours,
vou fazer uma tour
na Paciência,
por causa da Hortência,
que não joga basquete,
que é garçonete
no bar do Nestor.

O meu pai é barítono,
eu nasci tenor.
Ela é vascaína, eu,
sofredor.
Pedi uma Pepsi,
só tinha diet,
eu, da society,
já não tenho glamour.
Mon amour toujours,
vou fazer uma tour
na Piedade,
fiquei na saudade,
nem mesmo a Adelaide
me quer como amor.

O meu pai é barítono...





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1.14.2012

O INTERNÁUFRAGO E AS VISITAS

É sempre um prazer receber visitas, principalmente de quem me reconhece neste espaço, que geralmente não me via faz tempo e me pergunta: "Mas é você mesmo? Lembra de mim?". Não só sou eu mesmo como sempre me lembro, e muito gostaria de responder às mensagens que chegam em meu endereço de e-mail - que, como vêm via comentário no blog, não contêm o respectivo do autor ou autora, meus muito bem-vindos visitantes. Fico eu sem poder responder, a ver navios, que ainda por cima são virtuais, não me permitem sequer a tradicional mensagem dentro de uma garrafa. Assim (e pela segunda vez), seguem meus dois endereços para correspondência, os quais vou incluir também no campo do meu perfil (o que, evidentemente, já devia ter sido feito há muito tempo): mariocsbenevides@hotmail.com / mariocsbenevides@gmail.com.

Da ilha de Santa Catarina, Florianópolis, hoje com chuvas e céu cinzento,

Mario, o internaúfrago.

1.07.2012

PAUSAS

Haverá inspiração para quarenta minutos de sobra de lan-house?
Em Búzios?
Depois da primeira frase, uma pausa; restam trinta e três minutos.
Há uma falha na barra de espaço e este de repente se ausenta,
implica, requer que eu replique, reclique, reaperte, reaplique
a barra de espaço, para produzir uma pausa,
simples espaço entre duas palavras.
Pausa maior, só se for um

parágrafo.

Reticências, uma pausa maior que um espaço,
menor que um

parágrafo.

Se o texto for uma peça de teatro,
a pausa se pede por extenso: pausa.
Longa ou curta,
pau-sa.

Vinte e quatro minutos.
Menos,muito menos que vinte e quatro horas,
Hoje,
um belo dia de sol em Búzios.
Dia de vagabundos,
de quem está de férias,
o que não é o caso da lan-house e seu ad-
ministrador,
que trabalha onde eu divago,
passeio com palavras,
brincando com o tempo,
não é sempre assim,
raro isso é
possível.

Fico por aqui,
quando ainda me restam vinte minutos.

Pelo menos de lan-house.

Pelo menos nesta lan-house
que fica em Búzios.