6.18.2011

DIÁRIOS E COMENTÁRIOS

Embora apareça muito pouco por aqui, tenho recebido comentários muito interessantes. Resolvi destacar dois e fazer deles meu assunto:

Tai Tai disse...
“Já que estamos em um diário, podemos dizer..
Querido Mario:
Hoje eu estava divulgando artigos científicos muito interessantes no meu blog e cliquei em "próximo blog" (se é mesmo esse o nome) e dei de cara com você, diário do mario. Pois é. Não me contive. Olhei, revirei e senti inveja. Inveja da Maria Luiza que tem música, da Beatriz que tem poema e das Carolinas que tem os dois. Então, querido diário, pergunto: Porque é que ninguém fez nada com o meu nome? Nem livro, nem poema, nem nome de rua, música, tribo indígena. Nem nome de santo. E pior: não conheço ninguém com meu nome.”

Adriana de Adriano disse...
“Olá, gostei muito do teu blog e estou seguindo ele já, aproveito a ocasião e convido vc a dar uma olhadinha no meu blog, e espero que goste e se quiser seguir será um prazer ter vc me seguindo.. Bjus
http://algumascoisasqueeuescrevo.blogspot.com/”

Agora que eu descobri que há quem me siga, algo inesperado para mim, resolvi me tornar também um seguidor - eu, que nem conselhos consigo seguir. Se eu fosse um detetive e tivesse que seguir alguém pelas ruas, fracassaria na primeira esquina, bastando para isso algo que despertasse minha desatenção, distração que me segue e me desvia nas ruas, seja de carro, bicicleta ou a pé (que é a melhor maneira de se andar, principalmente nestes tempos em que a preferência é ficar preso dentro de um carro parado em um engarrafamento que, ao contrário dos rios, não desaguará no mar, apenas estancará de vez, frente à sua - perplexa - imensidão). Uma livraria, um botequim, uma mulher, especialmente a minha, me tomaria a atenção e eu teria que pedir as contas como seguidor profissional e procurar outra ocupação – por exemplo, a de admirar o mar, sua paz, sua inquietude, sua imprevisibilidade.

Se não consigo seguir ninguém nem conselhos, que dirá uma filosofia, seita ou religião. Só o Marx - e não o Karl, mas o Groucho. Como ele, eu jamais entraria para um clube que me aceitasse como sócio. No meu caso, nada muito profundo ou ideológico, nem mesmo engraçado, porque a graça é dele, tem seu carimbo e assinatura, seu charme e seu talento; apenas porque, de novo, minha distração se manifestaria, antes mesmo de chegar à porta do clube ou da instituição; se lá chegasse, me fixaria mais em um olhar que numa frase. Uma verdade que fosse revelada, uma nova teoria, tudo ficaria menor diante de um olhar humano, mais ainda se o olhar fosse o de um bicho, de um cão, especialmente o de um cão vadio, expressando o mais sincero dos sentimentos: o da fome. Um rabo canino que abana por fome, lamento se decepciono a quem me segue neste espaço, me impressiona muito mais que qualquer dialética, inclusive a negativa de Adorno.

Contrariando tudo isso, vou-me tornar um seguidor de blogs. E atento - até que uma esquina me distraia, até que uma ladeira surja diante de uma rua plana, até que uma árvore mal podada me arranhe o rosto e me arranque os óculos.

Quanto a você, Tai Tai, me dê uma pista, o endereço do seu blog de artigos científicos, para que eu possa, além de segui-lo, tentar corrigir essa tremenda injustiça da ausência de um poema com seu nome.