7.21.2012

FRIO


Com esse frio
Quem não tosar um bicho
Vai ter que vestir jornal.
Com um noticiário que
Capaz de pegar doença.

7.07.2012

HÉLIO DE LA PEÑA, OS DEZESSETE DA KOMBI E OS DEZOITO DO FORTE


Sábado ventoso em Florianópolis, minha mulher, gripada, enquanto nossa filha ainda está a caminho, de férias, voltando da serra gaúcha, e de ônibus, pedimos um peixe para almoçar em casa. Para acompanhar, ela, um tinto, eu, um Chardonnay, que se encontravam entocados e intocados na adega do apartamento, verdadeira personagem de novela moderna: artificial e sincera. A rádio FM tocava boas músicas, até que, às tantas, um David Byrne que, com minhas indevidas desculpas a ele e ao Caetano Veloso, ultimamente não me tem agradado. Por isso, depois do almoço, a TV. Eis que Angélica entrevista o Casseta Hélio de La Peña, vestido com a camisa do Botafogo. Nada contra qualquer outro sotaque - pelo contrário, sou viciado neles –, mas o carioca me inebria, muito mais que um tango, que um Malbec ou um Chardonnay. Nada contra qualquer time, a não ser o Boca Juniors, esse antijogo da modernidade - mas o Botafogo, na i-ne-nar-rá-vel narrativa do locutor Casseta, é o de 1967 e 68, o de 1989, o de 1995 e o de 2010; é o de um barão holandês, que, como o Bafo da Onça, acabou de chegar, cujo nome não sei - mas sei que é casado com uma brasileira e que seus antepassados vieram a nado da África para que ele nascesse na Guiana; é o de uma van, com samba da Beth Carvalho e hino alvinegro primeiro e único cantado pelo Zeca Pacodinho, em companhia de Edson Celulari, Marisa Monte, Ed Mota e mais alguns outros notáveis botafoguenses, que se perguntam: - Mas não éramos dezoito? De pronto, um deles esclarece: - Não, os dezoito eram os do Forte.
Pois é de longe que grito e tento por eles ser notado:
- Jesus Cristo, estou aqui! Somos, sim, dezoito! E atenção! Loco Abreu a vista! O branco-e-preto é outro, mas, nos pênaltis, em se cavando, tudo dá!
E assim me despeço: vou à livraria procurar o livro do Hélio de La Peña, que conta o Botafogo para crianças. Ele está certo: o Botafogo sempre será para crianças.