7.19.2008

LINGUAGEM CIFRADA

Pode estar certo de uma coisa. Se alguém começar uma conversa com um “Eu sou muito franco”, você não vai gostar do que vai ouvir. O que está a caminho, na seqüência, é maldade. Se o tom for de pergunta – “Posso ser franco?” – você ainda terá a oportunidade de responder: - Não. Gosto mais da sua costumeira hipocrisia.

Outra coisa. Quando você for chamado de “você” por um estranho, estranhará a intimidade. Já se for chamado de “senhor”, pedirá, Por favor, me chame de “você”.

Meu caro: quando você for chamado de “Meu caro” – pessoalmente, cara a cara, na bucha, olho no olho, na lata, ou, mais ainda, quando o olhar de quem dispara o “Meu caro” mirar o infinito ou o esgoto da vida – tenha certeza de que “caro” é o que você não é.

Uma pergunta: algum amigo seu dirigiu-se a você começando a frase com “Meu amigo...”?

“Meu amigo”, muitas vezes, começa com um “Escuta aqui” ou “Olha aqui” – e sua vontade - diga a verdade - é de perguntar, “Aqui, onde? No meu punho fechado?”. Ou não é?

Já viu mulher se dirigindo a outra com “Oi, amiga”? Pode trocar o “amiga” por “querida”, como somar “mm”, “mm”, de uma troca de dois beijos nas bochechas, e continuar à espreita, porque a troca entre elas é de flechas e está só no começo – e arcos femininos podem ter todos os defeitos, mas são os mais bem feitos da natureza.

De modo que... Posso ser franco? “Pois sim” é não e “Pois não” é sim. E você, o senhor, você, tio, que sabe disso desde sempre, ainda acredita que eles serão presos?

Ora, francamente...

7.12.2008

UMA ENTREVISTA

Aos nossos caríssimos amigos de Florianópolis e arredores,

hoje, às 21h30, com repetições tb hoje às 23h30, amanhã, domingo, às 16h15, terça às 17h30 e quinta, 00h30, será exibida uma entrevista minha para o jornalista Fernando Mansur, no programa Momento Temperado, TVCOM, canal 36, sobre meu livro "A revolução do silêncio". Será uma honra tê-los do outro lado da sala. Maiores informações sobre o programa no site www.momentotemperado.com.br.
À Adriana Prates, que me apresentou ao Fernando e agendou a entrevista, mais uma vez, muito obrigado.
Abraços,
Mario.

TRISTE FIM DE QUIDE-QUEDE-O-QUÊ

Quide, um brasileiro,
Partia para o abraço,
Percebeu a chegada aflita
Da comparsa, doce amada.

Metralharam um menino de três anos
- Ela disse a ele.
Ele, que era metáfora,
Virou realidade, assim, súbita, cruelmente.

Encerrou sua jornada,
Voltou com sua cúmplice namorada
Pacífica, estarrecidamente, para casa,

Triste casa,
Pátria
Dos apátridas.