1.01.2009

2009

Quem foi na frente, de tão querida, nos guardará um bom lugar.

Estamos no Rio. Meu irmão, que nos hospeda, se mudou para um apartamento em frente à Praça Eugênio Jardim, onde começa e termina o Corte de Cantagalo. À frente, a Lagoa; atrás, o mar de Copacabana; à esquerda, onde Ipanema começa a se desenhar.

Todas as manhãs, temos caminhado: ida e volta ao Leme; Posto Seis, Ipanema, Lagoa, Corte de Cantagalo; ou Corte, Lagoa, Ipanema, Copacabana. Fomos a uma festa em uma cobertura, na Avenida Atlântica, convidados de um primo e convidado, Mario Oswaldo, feita a devida consulta prévia aos anfitriões - que nos receberam muito bem, obrigado.

Nunca tinha assistido ao espetáculo de fogos ao vivo. Navios atrás das balsas de onde eles partiam me olhavam de longe. Um conjunto, uma gravação de Tom Jobim, depois, do Tim Maia. A contagem regressiva, uma valsa, um samba, uma guitarra, uma cantora. Os fogos se aproximavam e se afastavam. Depois, fumaça. Lá embaixo, a multidão. Comentei que, se estivéssemos lá embaixo também, igualmente nos encantaríamos – e antes e depois, nos juntamos e nos encantamos outra vez, não podia ser diferente.

Na vinda, a pé, somente um momento de tensão, totalmente ilusória. Passado o descabido susto, tive que perguntar onde ficava uma rua, onde teríamos nosso primeiro encontro, para depois irmos à festa: Domingos Ferreira – eu, que já soube dessas ruas de Copacabana todas, de cor, mapeadas na memória; acontece que oito anos são tempo suficiente para embaçar meus mapas mentais.

Nenhum outro susto, nem na ida nem na volta, a pé, junto à multidão que voltava para casa, o metrô, ou simplesmente zanzava. Às vezes, tonto, às vezes, tonta. Já fui um deles, sei como é. E acordamos e andamos outra vez, Posto Seis, Ipanema...

Quem inventou o automóvel era ruim da cabeça ou doente do pé. Não digo o mesmo do taxi, do metrô, do trem, nem do ônibus – mas todos perdem para o melhor meio de transporte, que já nasce com a gente, que a gente calça quando quer, que a gente descalça na areia e molha no mar.

Já quem faz a guerra é de uma arrogância que parece grande – entretanto, é tão somente menor que a menor das sensibilidades.

Feliz Ano Novo.