3.29.2009

DO FUTEBOL E OUTRAS AMEAÇAS

Para Lygia e José Estácio Corrêa de Sá e Benevides (ambos flamenguistas).

O sujeito assiste a um jogo ruim, é interrompido para sair para jantar com a família. Quando volta, seu time está vencendo por 1 a 0, o outro vira o placar e o jogo termina: Fluminense 2, Botafogo 1. “A culpa foi minha?”. Mesmo sabendo que isso é uma impossibilidade, ele, que não é nenhum garoto, se lembra de vários outros jogos a que assistiu e que seu time ganhou, convencendo-se do contrário. “Por que, o dia inteiro, eu sabia que o Botafogo perderia?”.

Houve um campeonato em que o Fluminense ganhou o primeiro turno, garantindo a vaga para a disputa da final, perdeu quase todas as partidas do segundo, foi à final e foi campeão. Aquilo pareceu uma estratégia, do mesmo clube que, numa outra vez, assim que acabou de ganhar o campeonato, demitiu o técnico – Paulo Amaral, que viveu grande parte da sua diversificada e vitoriosa carreira no Botafogo. Pois este acabou de ganhar a Taça Guanabara, se classificou para a final do campeonato e desandou a sofrer derrotas e empatar jogos “ganhos” - de passagem, do Vasco, ora na segunda divisão do campeonato brasileiro, tomou de 4 a 1. Nada disso é estratégia - nem síndrome de “sofredor”.

Exemplos de fracassos de Botafogo e Fluminense e desastres que a eles se sucederam são recentes. Botafogo e Juventude no Maracanã teve um resultado que deu o título ao time gaúcho - e tome anos de sofrimento, até que o clube do Rio voltasse a conquistar um título. O técnico do Botafogo não se preocupou por não terem saído gols nos treinos; ao Juventude, bastava um empate para sair com o título; e o técnico do Botafogo assistiu ao 0 x 0 até o fim, apenas sem torcer como torceram os 100 mil botafoguenses que lá estavam. Ano passado, o Fluminense perdeu a final da Libertadores da América, no mesmo mais que carioca Maracanã; e tome trauma, até que os nervos e a moral do clube, de técnico novo, o Parreira, da sofrida Copa de 94 e da nem é bom lembrar de 2006 – e isso é outra história –, vão-se recuperando. (Tá bom, flamenguistas, ontem vocês se vingaram do Resende.)

O que acontece com o Botafogo neste momento é algo muito mais que botafoguense ou restrito ao futebol. É sabido: poucos sabem lidar não só com o fracasso - mas com o sucesso. Não por outra razão algumas estrelas, do futebol como das artes, de repente se esborracham; se acabam; ou desaparecem. “Ganhamos a Taça Guanabara. Ganhamos a Taça Guanabara! Ganhamos, a Taça Guanabara?”.

Não no futebol, mas na vida, perder, para a maioria dos brasileiros, infelizmente e por várias razões, ainda é corriqueiro. Nos Estados Unidos, ser chamado de “loser” é pior do que, para nós, ter a mãe xingada ou ser derrotado em um jogo de futebol. Pelo que isto representa para eles e pelo que a História conta, é muito pouco provável que eles saiam dessa como “losers”. Se será bom ou não para nós, isso é outra história.

Hoje tem Brasil e Equador, lá em Quito, com Robinho e seu dedo na boca. Mas só se sair gol, não é, Dunga? E, antes que me culpem ou somente perguntem, não, nenhuma premonição; não, eu não vou assistir ao jogo.

3.27.2009

MANCHETES

Medicina & Estética: o aparar das unhas e o batom serão poupados por causa das obras de infra-estrutura.

Infra-estrutura: as obras de infra-estrutura serão poupadas por causa das unhas e do batom.

Futebol: os brancos de olhos azuis são os culpados pelo mau desempenho da seleção da Escócia.

Tênis: mil rifles na fronteira da Venezuela com a Rocinha.

Fórmula um: fórmula dois.

Cinema: de Zapata a Zapatero, de Bolívar a Hugo Chaves, de Evo a Morales, por favor, não perca.

Ciência: Malba Tahan se revolta, porque senador que calculava afirma que 138 = 31.

Arquitetura: casas populares tomam lugar de castelo.

Política: a situação se torna cada vez mais ucraniana.

Previsão do tempo: trevas, com brumas ao fim do período.

Obama: yes, não temos banana.

Da redação,

Excalibur.

3.08.2009

BLOGUE VELHO, MUNDO BURRO

Como vai, blogue amigo velho?
Faz tempo não nos falamos.
Aqui do lado de fora é domingo,
Está chovendo, está ventando.
Na caixa da televisão
Tem um programa em nona edição
Que aqui ignoramos
Sem qualquer solenidade.
Ainda dentro da caixa da tv
Agora temos um arcebispo
Que excomongou os médicos
E perdoou o estuprador
De uma menina de 9 anos
De uma menina de 9 anos
De uma menina de 9 anos.

O Vaticano apoiou.

Blogue velho,
O mundo é mais velho que nós
E não aprende nunca.

Ê blogue velho,
Ê mundo burro.