5.23.2020

APENAS MAIS UM 22 DE ABRIL


Eles sabiam que estavam sendo gravados e por isso cada um deu o melhor de si, ao seu jeito. De um, o clamor pela liberdade de não ter que respeitar leis e magistrados. Melhor prendê-los. Ódio. Muito ódio. Outro convida aos demais para que compartilhem da sua esperteza. É hora de aproveitar a tragédia para que tudo passe sem que se perceba, como se fosse uma boiada. A bajulação quase unânime ao que vocifera para mostrar que é macho e que fala do povo para mostrar que é bom e que deixa claras suas intenções de armá-lo. Ao seu lado, um silêncio que não esconde o sorriso de quem somente espera sua vez, quem sabe, para um sonhado autogolpe. Apenas uma surpresa, não com o alinhamento moral (ou amoral), que já era notório, com o que fez questão de dizer que leu Keynes três vezes e que demonstra com toda clareza que não entendeu nada do que leu. Finalmente uma surpresa. Afinal, era 22 de abril, 520 anos depois da descoberta pelos portugueses dessa terra, em que se plantando, tudo dá.