4.03.2011

AÇÃO E REAÇÃO

Ninguém deixa de reagir a um ato de violência de que seja vítima. Apenas a reação poderá ser de um jeito que não o de um outro ato de violência em resposta ao primeiro. Se for impulsiva, terá sido nada mais que isto: impulso, instintivo impulso. Há bons e muitos exemplos de quando não á assim, impulsiva e nada mais, e de ampla gama: reações filosóficas, pragmáticas, racionais... Para começo, dois: Mishkin - "O idiota", de Dostoevsky -, e o pai de Will Eisner em sua (quase) autobiografia em (como sempre, magistrais) quadrinhos, "Ao coração da tempestade" ("To the heart of the storm"). Um terceiro, o mais célebre, o bíblico "Ofereça a outra face", naturalmente guarda infinitas possibilidades de interpretação e uso. Fui vítima de um ato de violência na sexta-feira passada, logo na tradicional data das pequenas mentiras, pegadinhas: 1° de abril. Este meu 1° de abril teve uma literal pegada - e deixo para contar a história em uma outra oportunidade. Fato é que minha reação pode ter sido parecida com qualquer uma das três citadas; garanto, porém, que o que mais teve de característico foi a racionalidade; a razão. Eu estava em uma audiência pública, com promotores, procuradores, advogados, líderes políticos e comunitários e muita, muita gente, em um auditório fechado, com mais gente ainda do lado de fora, e, dentre essas pessoas, alguém sabidamente violento, egoísta, imediatista, destemperado. No inesperado, poderia haver algo de esperado; e de premeditado. Minha razão, com toda calma, se traduzida em palavras, o que me disse foi: preserve-se. e aos outros. Depois, vá à Justiça. Fui agredido de surpresa e sem possibilidade de reação. Por que minha lembrança não é racional, por que ela se afasta da minha razão e mesmo do meu sentimento, é algo que acaba por desaguar em outra pergunta: quanto tempo e quantas vezes podemos suportar a diferentes agressões, quando todas têm uma mesma origem? Quem puder, que responda, filosófica, pragmática, racional ou, quem sabe, a melhor de todas as maneiras, impulsivamente.