5.09.2005

A EDUCAÇÃO

Para começo de conversa, façamos a seguinte abstração: a demagogia não existe.

Muita gente, de esquerda ou direita, há muito tempo fala da importância da educação. Dão-se como exemplos a Europa, os Estados Unidos e os tigres asiáticos, para demonstrar que a educação é que faz a diferença. No Brasil, as discussões giram entre privatizar ou não a Universidade; e garantir ou não as cotas para os negros.

A primeira grande questão é: educação é custo ou investimento? Ora, se todos concordam que é investimento, porque custear o ensino básico através da privatização da Universidade? Por outro lado, porque manter a Universidade pública a custos altíssimos – custos no lugar de investimentos, porque a grande queixa é de que o Brasil está décadas atrasado, porque a Universidade – pública - é ineficiente?

As cotas são defendidas como a única forma de promover a inclusão social dos negros, marginalizados desde o tempo de seus antepassados escravos. Os que contra-atacam a idéia dizem que ela tão somente reafirmará o racismo e que a solução seria melhorar o ensino básico. Este contra-ataque, ainda que embasado por nobres intenções (qualquer intenção de inclusão é nobre – e, mais que isto, inteligente, tanto para o Capital como para o Social), reforça, querendo ou não seus defensores, a tese de que custear o ensino básico via privatização da Universidade é a solução. Mas educação é custo? Ou investimento? Por que não tornar a Universidade – pública - eficiente? Será que não interessa? A quem?

A carga tributária é alta porque a concentração de renda é alta e, como a concentração de renda é alta, a carga tributária será cada vez mais alta. E a Universidade e o ensino básico irão para as profundezas dos infernos que as religiões garantem existir, porque não haverá impostos suficientes para custear o que não é custo; é investimento, e quem investe quer retorno, e retorno só se tem quando se olha para o investimento como quem vigia seus porcos quando eles são sua subsistência; sua sobrevivência; permanecer ou não no jogo da vida – ou dele sair; dançar.

E, ao invés de imitar o modelo americano das cotas (americanos são modelo para tratar do racismo?), porque não investir de imediato em cursos de nivelamento para aqueles que vêm do ensino público, negros ou não, sem distinção de cor, a real morte do cafajeste e imbecil racismo - a ponto de os deixarem prontos para competir com os que vêm do ensino pago e de qualidade? E, a médio prazo, ensino gratuito básico competitivo, preparando gente para a Universidade pública ou privada eficiente para a empresa pública ou privada eficiente para a ciência eficiente para o País eficiente, inteligente, justo? Ou não é isso que se quer?

Nenhuma pretensão de ter razão ou ganhar qualquer discussão, mas sabe qual é o real problema? A premissa é falsa: a demagogia existe e é muito amiga da safardagem. Minha amiga, meu chapa, lamento informar:

Saímos; dançamos.

Ou, que tal vigiar nossos porcos?

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