10.16.2006

MARGINAIS

Poeta e poesia
São marginais sempre
Ainda que raramente cometam crimes
E quando os cometem
Geralmente é contra a língua
E dificilmente contra o beijo.
Gente de teatro quando mata
No mais das vezes é de rir.
Médicos, generais e engenheiros
- uns quando erram, outros quando acertam –
Podem matar de verdade.
Já entre poeta e poesia
Quem morre é sempre o poeta
E nem sempre no final:
Há poetas apressados
Que apressam seu final.
Tudo assim impreciso
Porque poeta e poesia não combinam muito
Com precisão
A não ser de dinheiro.
Se poesia é palavra gasta
Rima fácil de samba-enredo
Poeta é pejorativo.
Pois mesmo sendo assim
E quase sempre sendo poesia verso
Todo poeta vira prosa
Quando revela sua condição marginal:
- Prazer. Poeta.

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