7.10.2021

TRÊS PODERES

 Três engenheiros são suspeitos de corrupção. Alguém diz que os bons engenheiros devem estar com vergonha deles. O CREA então diz em nota: os engenheiros são ciosos de se estabelecerem fator essencial da estabilidade do país. Alguém levaria isso a sério? Por que não? Porque as armas dos engenheiros são sua competência ou incompetência; sua dignidade ou falta de.

Nunca tinha ouvido falar em Omar Aziz. Não tenho motivo para gostar ou desgostar dele. O que esse senador disse ontem foi: os bons devem estar com vergonha dos maus. Ele não ofendeu a instituição. Pelo contrário, ele a elogiou. A instituição é que está se curvando a um indivíduo que a ofendeu quando vestia farda, e permanece ofendendo desde que deixou de usá-la, justamente por ofendê-la.

O Brasil não é república de toga, nem de parlamento, nem de mandato executivo – é uma tentativa de equilíbrio desses três poderes, como em todos os países onde há uma república baseada em ensinamentos gregos de séculos antes mesmo do Cristianismo, que Montesquieu muitos mais séculos depois teorizou em linguagem que se compreende até hoje.

Podres há em toda parte, aqui e no mundo inteiro. Em qualquer instituição ou grupo há gente honesta e desonesta. Não é com “poder moderador” que se combate desonestidade, muito menos um poder armado, que não é diferente de nenhum outro grupo ou instituição (ou todos os generais se chamam Pazuello? Ou Pujol?). É com democracia e com instituições autônomas, e não cooptadas - algo que ocorre aqui e agora, mas - que bom - apenas parcialmente. Pelo menos por enquanto.
Não é admissível vivermos ameaçados de tempos em tempos pelas nossas Forças Armadas, ou sequer cogitar a hipótese de termos nossas armas pelas quais pagamos apontadas contra nossas instituições e contra cada um de nós outra vez.

Afinal, qual seria o pretexto desta vez?

Quem quer democracia, que durma com um barulho desses. Quem quer o covarde silêncio da ditadura, que se enfie debaixo da cama, fantasiado com a bandeira e com tampões nos ouvidos.

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