A começar que sou herege,
porque sou grego. Politeísta. Acho muita responsabilidade deixar tudo nas
costas de um só. Ou de uma só. Nascemos de mulheres, deus é deusa. Zeus é
Afrodite, acredite se quiser.
A continuar que sou hebreu
expurgado sem nunca ter sido. Panteísta. Como Baruch Spinoza. Deus está, em
toda parte, não propriamente é. Vá dizer isso em inglês ou francês e depois
fale mal da nossa língua.
A permanecer que sou africano. Há
espíritos do bem e do mal. Incorporam na gente sem que a gente perceba.
A enlouquecer todos os dias que
sou católico luterano. Peço desculpas e que Jesus leve consigo minha culpa. E que Maomé só expresse o que for amor e paz.
A ficar que sou budista,
desapegado de quase tudo, menos das gentes.
A ilustrar que sem ter nenhuma
tenho infinitas religiões indianas que sequer conheço.
A confundir que sou kardecista, com
a diferença de que reencarno todos os dias em outro planeta, cheio de sol, de
lua, de mar e montanha, de canções, de vinhos e de mulheres-deusas interessantes
e inteligentes, todas minhas amigas. Uma será minha amante, que dará luz à
nossa filha. Haverá homens, somente aqueles que me são amigos.
A terminar que não haverá um
final.
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