11.17.2020

RELIGIÃO

 

A começar que sou herege, porque sou grego. Politeísta. Acho muita responsabilidade deixar tudo nas costas de um só. Ou de uma só. Nascemos de mulheres, deus é deusa. Zeus é Afrodite, acredite se quiser.

A continuar que sou hebreu expurgado sem nunca ter sido. Panteísta. Como Baruch Spinoza. Deus está, em toda parte, não propriamente é. Vá dizer isso em inglês ou francês e depois fale mal da nossa língua.

A permanecer que sou africano. Há espíritos do bem e do mal. Incorporam na gente sem que a gente perceba.

A enlouquecer todos os dias que sou católico luterano. Peço desculpas e que Jesus leve consigo minha culpa. E que Maomé só expresse o que for amor e paz.

A ficar que sou budista, desapegado de quase tudo, menos das gentes.

A ilustrar que sem ter nenhuma tenho infinitas religiões indianas que sequer conheço.

A confundir que sou kardecista, com a diferença de que reencarno todos os dias em outro planeta, cheio de sol, de lua, de mar e montanha, de canções, de vinhos e de mulheres-deusas interessantes e inteligentes, todas minhas amigas. Uma será minha amante, que dará luz à nossa filha. Haverá homens, somente aqueles que me são amigos.

A terminar que não haverá um final.

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