8.25.2020

DILEMAS

 

Quando não cai a ficha, é o orelhão que cai (principalmente quando o orelhão nem existe mais). O Brasil é um país pobre. Não adianta ter o oitavo produto interno bruto do mundo com metade da população vivendo com menos da metade do salário mínimo (não se sabe como). Essa constatação poderia sugerir que políticas estruturantes associadas a outras assistencialistas por tempo determinado seriam capazes de aumentar o PIB e diminuir a pobreza. O atual governo optou por outra combinação: privatizar, deixar o mercado trabalhar e, por si, resolver; e destruir – respeito, ambiente, educação, saúde, cultura, inteligência, livro, diplomacia, instituições, democracia, laicidade... Agora, vive o impasse. Para conseguir a reeleição, terá que combinar assistencialismo com algo que não conhece, mas que guarda em sua composição quem pense que conhece: construir. Para essa nova combinação, terá que aumentar a dívida com dinheiro de quem foi convencido por ele, governo, de que a outra combinação é que estava certa (pensar em pedir dinheiro a quem se acusou de destruir florestas, por quem alegou que isso autorizaria a destruir a nossa, nem pensar, ainda mais quando todos estão mergulhados em resolver seus próprios problemas e dilemas - diria Sherlock Holmes, saudoso do sagaz Watson, a esses superintelectos governamentais). O “e agora, José” do nosso gauche Drummond, o ser ou não ser shakespeariano, tudo fichinha perto do que se vive hoje, nessa terra em que se plantando tudo dava. Do lado de cá, do povo, o dilema é: acorda, Rodrigo, ou empurra com a barriga, Rodrigo. Saudades do orelhão.

Mario Benevides, 25/8/2020. @cidadãomario, mariobenevides.blogspot.com / facebook.

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