Era uma vez um palestrante de
sistemas de auditoria que disse que há um estudo muito sério que concluiu que, independentemente
do sexo, lugar, grupo, instituição, grau de instrução, país ou continente, o
percentual de pessoas absolutamente éticas é de 10%, enquanto que o das absolutamente
antiéticas é também de 10%. Não conheci o estudo citado, mas posso afirmar que
o palestrante era muito sério. E não sei se ele não disse ou se disse e
eu me distraí; sendo assim, digo eu: a relativização – o Aí depende - porque
passam as outras 80 em cada 100 não necessariamente é uma questão de preço;
pode ficar em searas como a do Se não está escrito que não pode, então pode;
ou, Se está escrito, pode ser interpretado. E pode não haver o escrito, mas, em
seu lugar, o dito - quando o que prevalecerá, para as mesmas 80 de cada 100
pessoas que têm lá suas dúvidas, será, Se ele não disse que não pode, então
pode; ou, Ele disse que não pode, mas não é bem assim, ou não tanto assim. Há cada
vez mais coisa escrita e mais coisa dita, e vai ficando cada vez mais difícil
ler, ouvir, compreender e interpretar. Mas há períodos da vida de qualquer
pessoa que não pertença à classe das 10% absolutamente antiéticas em que nada
disso é necessário - independentemente do sexo, lugar, grupo, instituição, grau
de instrução, país ou continente -, quando acaba por prevalecer algo que foi
intuído ou aprendido logo na primeira infância: o seu direito acaba onde o do
outro começa. Por isso que fico por aqui.
Um comentário:
Que beleza, Mario ! Chega até a me desanimar a iniciar um blog.
São os 90( ou não muito longe disso) % que acham normal cometer os tais aparentemente pequenos delitos. Fez me lembrar da peça (black comedy,termo que, parece, resistiu às políticas corretas ) do cartunista Jules Feiffer, "Little Murders". Só teve 7 apresentações quando foi lançada em 67 na B'way ( confirmei agora na Wiki ) mas virou em 71 um filme de relativo sucesso, dirigido pelo Alan Arkin.
Abraço
LM ( Gomes)
Postar um comentário