11.09.2008

O RATO. E O CURSOR.

O rato eletrônico
Fica à minha espreita.
O teclado à espera
Dos meus dedos.
Dois três deles batem nas teclas
O resto à espreita. Todos tortos.
Tanto os que batem como os que olham. Esperam.
O cursor piscando na tela
Que ele diga o que eu gostaria de dizer
Que outros gostariam de dizer e ler.
As palavras me faltam.
Não é diferente quando leio
Quando um livro uma revista uma bula
De remédio é o que eu escolho
Como não diferente é quando assisto a um filme
Um show humorístico
Um show de música
Uma peça
Um balé
Um jogo de futebol.
Em algum instante minha raiva
Minha ira incontida inconfessa
Meu humor
Meu amor sufocado
Há de respirar.
Miro o cursor piscando
Me falta o ar.
Sede tenho pela água a cerveja o vinho
Pelo corpo da amada
Pela mão da filha
Pela palavra do amigo
Pela baforada do cigarro dele
Pelo bom dia do vizinho
Do porteiro do farmacêutico.
De bairro.
De barro.
De mato.
De chão.
De mar.
Nesses tempos de GPS comprei uma bússola
Como todas
Defeituosa: aponta somente o Norte.
Não é do Norte que preciso nem do Sul
Não quero a latitude longitude.
Cursor! me traga
Meu rumo.
Garçom, por favor:
- Palavras.

Nenhum comentário: