7.19.2008

LINGUAGEM CIFRADA

Pode estar certo de uma coisa. Se alguém começar uma conversa com um “Eu sou muito franco”, você não vai gostar do que vai ouvir. O que está a caminho, na seqüência, é maldade. Se o tom for de pergunta – “Posso ser franco?” – você ainda terá a oportunidade de responder: - Não. Gosto mais da sua costumeira hipocrisia.

Outra coisa. Quando você for chamado de “você” por um estranho, estranhará a intimidade. Já se for chamado de “senhor”, pedirá, Por favor, me chame de “você”.

Meu caro: quando você for chamado de “Meu caro” – pessoalmente, cara a cara, na bucha, olho no olho, na lata, ou, mais ainda, quando o olhar de quem dispara o “Meu caro” mirar o infinito ou o esgoto da vida – tenha certeza de que “caro” é o que você não é.

Uma pergunta: algum amigo seu dirigiu-se a você começando a frase com “Meu amigo...”?

“Meu amigo”, muitas vezes, começa com um “Escuta aqui” ou “Olha aqui” – e sua vontade - diga a verdade - é de perguntar, “Aqui, onde? No meu punho fechado?”. Ou não é?

Já viu mulher se dirigindo a outra com “Oi, amiga”? Pode trocar o “amiga” por “querida”, como somar “mm”, “mm”, de uma troca de dois beijos nas bochechas, e continuar à espreita, porque a troca entre elas é de flechas e está só no começo – e arcos femininos podem ter todos os defeitos, mas são os mais bem feitos da natureza.

De modo que... Posso ser franco? “Pois sim” é não e “Pois não” é sim. E você, o senhor, você, tio, que sabe disso desde sempre, ainda acredita que eles serão presos?

Ora, francamente...

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