1.09.2007

VIVAS E MANIFESTOS

A visita de um poeta é sempre bem vinda. O poeta Aldo Votto ainda nos visita; mais: manifesta-se - a nós. E a nós ultramarinos. Vivas a ele, que, como bom poeta, nos mantêm vivos, interessados, ativos. Em resposta nos manifestamos nós (plural e, portanto, covardemente):

Fui ator não vou ao teatro.
Escrevo poemas não leio poetas.
Que pretensão será esta
Egoísmo será este
Fazer e não querer saber
Do que fazem os outros – os de verdade?
Leio Equador
De autor português contemporâneo
A narrar fios e meadas de dom Carlos
Rei
Que viria a ser morto por revoltosos
Idos de 1905-8
São Tomé e Príncipe
Ilhas
Colônias portuguesas
Equatoriais.

Descubro-me navegador
Ansioso por aventura
Engenharia e poesia incapazes dela.
Novas e naufragadas Friburgos
Encharcados Rios geralmente praianos
Metralhados e incendiados inocentes
Respondei:
Há lugar
Longe do naufrágio
A salvo do incêndio
Perto da aventura?
Haverá lugar a inda
Para sonhadores
Que sonham tão somente transformar? Sem o saber?
Sigamos.
Vendas nos olhos
Vendavais nos ouvidos
Chuvas torrenciais
Sóis cegadores
Preconceitos e medos e seus desastrosos consertos
Sigamos.
A fazer e pouco ler poesia.
Mais a representar que assistir a intérpretes.
A nos alimentar de manifestos
Mais que nos manifestar.
Vivas a eles manifestos.
Vivamos.

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