1.11.2007

O MAIS FORTE

Escondia-se. Exibia-se. Aparecia porque grande era sua cabeleira. Claro, era ela que lhe mantinha protegido; escondido. Veio um corte de cabelo indesejado e o que ele gostava de esconder ficou à mostra; aquilo que exibia fora embora. Veio uma mudança. Era da casa antiga o seu aconchego. Foi ficando triste. Vieram umas férias, uma viagem – ele gostou. Foi quando o mais forte sentiu-se incomodado e partiu pra cima dele e ele quase morreu. Poderia ter acontecido com qualquer um: o mais forte se incomoda e o mais fraco é que se muda – ou morre. Hoje ele anda jururu, mascando seus bigodes, impedido de coçar a mandíbula, temporariamente reforçada por uma prótese, por um anteparo. Espécie de noviço rebelde, assim ficou o poodle depois de atacado pelo pit-bull. Este, por sua vez, ninguém sabe como ficou. Apenas se sabe que continua sendo o mais forte.

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