1.25.2019

MARIANA E BRUMADINHO


Mariana querida:

Há quase quatro anos tentas te recuperar da tragédia que sofreste.

Reuniões, acordos, processos, fato é que tu, tua gente, tua terra e tuas relíquias ainda sofrem,

Como todos nós sofremos, com maior distância e por isso menor intensidade.

Desde que eles descobriram o metal não vivem sem ele.

Sapatos são feitos de ou com metal,

Calças, antes eram armaduras, precisam de teares de metal, assim como as camisas,

Calcinhas e cuecas.

Penteiam os cabelos com pentes fabricados por máquinas ou ferramentas de metal.

Comem com talheres de metal, plantam e colhem com instrumentos e máquinas de metal,

Erguem suas casas com pilares, vigas de ou por meio de metal,

Serram e moldam a madeira com metal,

Do cimento misturado com areia por artefatos de metal, fazem concreto armado com metal,

Tijolos, automóveis, aviões, navios, tudo, literalmente tudo deles tem metal envolvido.

Matam-se com armas de metal.

Plástico, que vem do petróleo que vem do chão da terra e do mar,

Assim como o metal vem do subsolo do planeta,

Para extrair petróleo, refinar, distribuir, transportar,

Dele fazer plástico, usam o metal.

Onde foi que eles erraram, Mariana querida, discutem, provam que não,

Que foi o outro, que foi o projeto, a construção, a manutenção, a fiscalização

Tudo ou algo desse todo mal feito foi culpa de alguém.

Que vão reparar

E errar de novo.

Mariana querida, choro até hoje tua desgraça,

Rezo até hoje por ti.

Do teu

Brumadinho.

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