11.02.2011

DO EXÍLIO DE QUEM FICOU

Nem Gonçalves Dias nem Lulu Santos
nem a Ipanema de Vinicius.
Preferiram Jack Kerouac, O. Henry,
Paul Auster, Woody Allen,
Carlitos, Tom Jobim.
Partiram para Nova Iorque,
Ela, Michele e Renata.
Foram ver de perto se
é mesmo quando já não se espera
que o trompetista começa
a música que surge do nada.
Foram ser poetas, filósofas, descobridoras,
inventar
a própria
Manhattan.
Entrarão na fila do teatro,
sairão de lá melindrosas e
haverá uma conta de um aluguel que
não será pago e
a dívida
não será delas.
Andarão de charrete no Central Park,
verão Nova Iorque de cabeça pra baixo,
porque assim recomendava o maestro
que lia Drummond.
Verão lojas chiques, lojas baratas, museus,
árvores sentindo frio, cantinas
italianas, bares
plenos de jazz.
No domingo,
um desempregado e seu violão e sua gaita
soarão numa Washington Square no Greenwich
Village. Um violino
Soará no Soho.
Nós, em preto-e-branco, ficamos aqui.
Na tela da TV, O Garoto;
na do computador,
sob sisudas atentas louras sobrancelhas,
os olhos da nossa garota,
que um dia dirá
este, o DNA
de Nova Iorque.
Assim mesmo, ela e quem mais puder,
todos
iremos
a Nova Iorque. Poetas,
veremos o mundo
como o viu o maestro.
De cabeça pra baixo.

2 comentários:

Jânio Lima disse...

Excelente seu blog, poemas que enchem-nos de água na boca. Parabens

Thiagø disse...

Muito bom o blog quem sabe não podemos trocar conhecimentos?

tchumidjo.blogspot.com/