10.20.2010

CÉU E INFERNO, MINEIROS E JANTARES

As imagens da TV mostraram o que havia para ser mostrado e todas as metáforas possíveis foram feitas. Eles provaram que o inferno existe, fica nas profundezas da Terra e que é possível sobreviver a ele. Provaram que andar na superfície da Terra pode ser mais emocionante até que pisar na Lua, que olhar para ela de longe dizendo sonetos à pessoa amada ainda vale a pena. Provaram e provarão da fama e seus desdobramentos, provaram que estrelas sempre usam óculos escuros e experimentaram ver as verdadeiras novamente à noite. Provaram do inferno e do renascimento a fórceps disfarçado de sonda. Provaram que, na língua de Lima Barreto, mais do que um quarto de hora, mais do que quinze minutos na de Andy Warhol, é mais do que as eleições brasileiras podem esperar. O que esperar dessas eleições, da diferença da mudança de faixa de FHC para Lula, com direito a jantar dos casais na residência oficial, para o que se acompanha agora, do que se desenrola nesses dias e do que ainda virá, só o tempo dirá. Que não será de quinze minutos digitalmente cronometrados, como não equivalerá ao quarto de hora girado no relógio de bolso de Lima Barreto. Superará aos sessenta e oito dias a setecentos metros da superfície da Terra, no inferno, longe do céu e das estrelas, vivenciados e sobrevividos pelos mineiros chilenos. Jamais em matéria de grandeza de alma e de espírito. Neste quesito, perderá até para o mais banal jantarzinho entre casais.

Nenhum comentário: