Assim caminha a brasilidade – pelo menos a minha. Aos quase
62, quando finalmente me olhei no espelho e me disse o mesmo que meus amigos
trintões dizem para si e todo mundo – “estou ficando velho”-, resolvi mentir pra
mim mesmo: ingressei na faculdade de direito. Entre as pesquisas que já fiz por
obrigação e gosto, uma chegou a um encontro entre Miguel Reale e Norberto Bobbio,
este a convite do primeiro, em Brasília, 1983. Segundo Reale, Bobbio se dizia a
favor do socialismo liberal (Bobbio, na juventude, foi marxista). Reale (integralista
quando jovem), contando essa história, defende o liberalismo social - e afirma
que a solução, superando a disputa ideológica, de toda forma estaria no centro.
Eis que, ontem, em O Globo, leio sobre uma segunda bomba do jornalista Lauro
Jardim: o DEM vai se chamar Centro. Poucos dias antes, vi Rodrigo Maia dizer
que o Democratas era um partido de direita liberal, ou de centro-direita. Por
essa linha, eleitores de direita liberal vão declarar seu voto no Centro – e como
hoje, literalmente, falamos pelos dedos, eleitores de centro dirão que votarão
no centro, mas não no Centro. Para acabar com a discussão, dois novos partidos
serão inventados: Esquerda e Direita. Repetindo a história, virá a Revolução
Francesa. Ou então, a saída é que será à francesa.
MARIO BENEVIDES / FACEBOOK.
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