A postura autoritária dará lugar à negociação. A cada rodada, as partes dirão que sim, cada parte fará uma parte do combinado e ambas se dirão plenamente satisfeitas com o resultado.
Haverá uma denúncia, um espanto, uma investigação.
Um doleiro será ressuscitado e outro será criado, não se sabe ainda se no laboratório ou na mídia comprada.
O PRONATEC distribuirá mais médicos, o Mais Médicos, mais bolsas famílias, finalmente integrando os programas sociais.
Mais creches e escolas serão criadas em locais estrategicamente subterrâneos, e novos leitos hospitalares serão inaugurados nos corredores dos hospitais.
Um ministro será bem recebido pelo mercado e outro, nem tanto. O Banco Central será declarado Tombini, o que não alterará a constituição.
A escassez e os preços da energia pressionarão a inflação, que estará controlada por decreto.
Faltará água nos estados governados pela oposição. Nos da situação, o problema será a seca.
Um plebiscito dará lugar a um referendo que dará lugar a uma reforma que dará lugar a uma CPI.
Manifestações correrão o país e uma constituinte específica será criada acerca do direito das manifestações se manifestarem sempre que quiserem, mas com regras mais rígidas para o tempo na TV dos cientistas políticos.
As olimpíadas serão um sucesso e o desempenho do país nos jogos será ufanisticamente decepcionante.
As eleições municipais trarão surpresas, como prefeitos reeleitos e outros não reeleitos. Vereadores finalmente votarão pelo fim do FMI.
Serão 39, 38, 37, 40 ministérios, sendo que um para Assuntos Estratégicos.
A oposição interporá, embargará, questionará, pressionará, tudo resultando em uma emenda constitucional, seguida de um decreto revogando todas as disposições em contrário.
O mandato será de cinco anos, sem direito à reeleição, condicionada à aprovação de um novo mandato após o da reeleição, a não ser que o candidato da situação seja ele.
Obama virá ao Brasil e os apertos de mão serão dezesseis, com um soquinho no final. Dilma depois manifestará na ONU sua indignação: a aliança do presidente norte-americano era um captador de pensamentos. Obama se dirá impressionado com o que se passa na cabeça da presidenta, e um acordo será selado para que os pensamentos captados só sejam revelados 100 anos após a morte do que morrer por último, porque quem morre por último morre melhor.
E, para que não restem dúvidas quanto à precisão dessas previsões, daqui a quatro anos todos estarão quatro anos mais velhos. E experientes.
Um comentário:
Demais! Parabéns pela crônica de humor bem temperado. Um abraço.
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