O dia é sábado. Amanhã não quer ver ninguém bem.
(Vinicius de Moraes, o Dia da Criação.)
Diana sonha com o avô.
No coreto da praça
o negro de smoking toca trompete (sax? trombone?)
com o quarteto de que é parte.
Na praça
outros homens de smoking
mulheres de longo
andam perdidos.
Um louco maltrapilho
sobe os degraus do coreto
pede ao quarteto que interrompa a marcha
limpa a garganta e passa a falar
em voz alta.
Porque hoje é domingo
aqui faz sol
neva em algum lugar
em outros chove.
Porque hoje é domingo
algo se fechou para sempre.
Todos vão dançar a música do coreto
sozinhos aos pares aos trios em quarteto.
Porque hoje é domingo
de música de coreto de praça
amanhã será sábado
e vai querer ver todos bem.
Porque hoje é domingo
que alguns chamam de dia do sol
outros de Deus
é aos perversos que vou me dirigir.
Perversos: a vida se faz de estilhaços
onde o sol reflete o baile
segue o baile
tudo começa outra vez.
Perversos.
Vocês só sabem do mal que fazem;
perversos: vocês não sabem
o que estão perdendo.
Foi quando Diana acordou.
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