Mariana querida:
Há quase quatro anos tentas
te recuperar da tragédia que sofreste.
Reuniões, acordos,
processos, fato é que tu, tua gente, tua terra e tuas relíquias ainda sofrem,
Como todos nós sofremos,
com maior distância e por isso menor intensidade.
Desde que eles
descobriram o metal não vivem sem ele.
Sapatos são feitos de
ou com metal,
Calças, antes eram
armaduras, precisam de teares de metal, assim como as camisas,
Calcinhas e cuecas.
Penteiam os cabelos com
pentes fabricados por máquinas ou ferramentas de metal.
Comem com talheres de
metal, plantam e colhem com instrumentos e máquinas de metal,
Erguem suas casas com
pilares, vigas de ou por meio de metal,
Serram e moldam a madeira
com metal,
Do cimento misturado
com areia por artefatos de metal, fazem concreto armado com metal,
Tijolos, automóveis,
aviões, navios, tudo, literalmente tudo deles tem metal envolvido.
Matam-se com armas de
metal.
Plástico, que vem do petróleo
que vem do chão da terra e do mar,
Assim como o metal vem
do subsolo do planeta,
Para extrair petróleo,
refinar, distribuir, transportar,
Dele fazer plástico, usam
o metal.
Onde foi que eles
erraram, Mariana querida, discutem, provam que não,
Que foi o outro, que
foi o projeto, a construção, a manutenção, a fiscalização
Tudo ou algo desse todo
mal feito foi culpa de alguém.
Que vão reparar
E errar de novo.
Mariana querida, choro
até hoje tua desgraça,
Rezo até hoje por ti.
Do teu
Brumadinho.
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