O Brasil tem um privilégio chamado matriz
energética. Água, sol, vento, biomassa, carvão, óleo. De repente, percebemos
que já tivemos ônibus elétrico, trem, que poderíamos continuar a ter e tendo
mais e mais e melhor transporte público e de cargas. Não temos, como não temos
diversas outras coisas, porque, no Brasil, há quem ganhe muito dinheiro e poder
para que as coisas deixem de existir, não existam, ou só existam quando alguém
decida que o que todos querem atingiu o preço que o tal alguém queria. Outra
discussão que surgiu possa, talvez, ser simplificada. Ou, ao contrário,
sofisticada. Uma administração supostamente inspirada em Keynes deixou prejuízos,
e a resposta foi provavelmente inspirada em Friedman, ou Mises. Usar a
Petrobras para, segundo quem o fez, segurar a inflação nos recolocou de súbito como
proprietários que sempre fomos da empresa, do mais miserável ao mais rico de
nós. No momento em que nos é exposta nossa fragilidade em matéria de energia e
logística, em paradoxo com a matriz de fontes energéticas de que dispomos, nos
recolocamos na posição que nos é mais perceptível – a de consumidores da
Petrobras. O que faremos? Outubro neles. Mas, e depois? Voltaremos a criticar,
a nos paparicar ou a nos odiar nas redes, e ponto? Ou tuitar? é manifestação
política? Para que serve? A quem serve? Ao Trump? Ah. Empresários têm suas federações, os
empregados, os sindicatos, lojistas, suas câmaras, há as ONGs e as associações
de bairros... Por que não voltar a acreditar em maior grau, nessas representações
e na força que podem ter? Por que não fazer por onde, para que elas possam ter
ou voltar a ter credibilidade e representatividade? Se nos colocarmos em um
terceiro papel que exercemos e do qual raramente nos lembramos - o de
patrocinadores, pagadores, para não dizer patrões, dos nossos representantes -
nas prefeituras e câmaras de vereadores, no legislativo e no executivo -,
talvez finalmente nos caia a ficha, nesses tempos em que já não existem orelhões.
Assim como trens, ônibus elétricos...
Boa semana.
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