Silêncio. Parece que os automóveis perderam suas buzinas. A festa da democracia é um tanto barulhenta. A festa acabou e que alguém faça o favor de lembrar o poema do Drummond.
Silêncio. Possivelmente será feito silêncio das investigações em curso: já não interessam a mais ninguém.
Silêncio. Governo e Oposição começaram a tramar ruidosamente contra nós.
Silêncio. A bomba norte-coreana começou a explodir. Silenciosamente.
Silêncio. Do lado de cá do planeta, tão somente se contam as mortes e explosões que acontecem do outro lado; por aqui, são silenciosas.
Silêncio. No morro e no apartamento. Jamais a bala perdida foi tão silenciosa.
Silêncio. Muito silêncio, porque a briga da família vizinha é como punhais cortando a nossa carne e, nos nossos ouvidos, o som da nossa morte.
Silêncio. Faz-se necessário um minuto de silêncio para que você possa ouvir o zumbido insuportável que não lhe deixa os tímpanos – que, bom, Drummond, se o zumbido fosse a falsa vienense.
Silêncio. Uma rosa nasceu – faz tempo que ela nasceu num verso do Chico Buarque, mas rosas são como estrelas: somente percebemos seus sons e luzes quando já não mais existem.
O que ainda nos faz lembrar Cartola e Olavo Bilac.
Para quê tanta ciência?
Silêncio.
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