Alguém do século passado – o XXI, lembra? – pesquisou em um dicionário da época palavras que não existem mais (como dicionários também são coisas do passado). Empolgou-se, viajou mais ainda no tempo - o passado -, e descobriu personagens e coisas que eles andaram dizendo ou cantando, lá, no tempo deles. Dizem que depois ficou louco, a tentar desenvolver idéias próprias a partir das que havia visitado, viajando no tempo. Contam que desapareceu; mas deixou no chão do bar, num obsoleto guardanapo, escritos que, atualizados, diriam mais ou menos assim:
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Oscar Wilde recomendou que se deve resistir a tudo; menos às tentações.
Ora, o que deve então fazer um prudente?
Evitá-las.
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Segredo é pra quatro paredes; já o adultério é pra oito.
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Casal transformou-se em duplamente adúltero – só não se sabe quem começou, ele ou ela.
Um outro casal seguiu os passos do primeiro. E assim, um terceiro, um quarto, um quinto...
Logo:
Segredo é pra quatro paredes; adultério é pra 8, 16, 32, 64...
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Até os impotentes sabem: adultério é uma potência. De dois.
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Stanislaw Ponte Preta, sobre passageiros em pé nas “lotações” – pequenos ônibus do tempo dele -, contou que a lei permitia um máximo de 8 passageiros de pé, dentro daquele meio de transporte coletivo; e que, depois, a lei do 8 caiu - e, como 8 deitado é infinito...
Portanto:
Segredo é pra quatro paredes; adultério é pra oito. Deitado.
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Se cometer adultério for assunto de lei, cometa. Se for “de lei”, não cometa.
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Adultério: melhor não comentar.
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Não é à toa que você lê essas frases soltas, de palavras e atos antigos, na parede deste banheiro de bar – para que você se pergunte, afinal, o que resiste mais ao tempo: as palavras? As pesquisas? Ou são os bares e seus guardanapos?
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