Eu uso óculos – já diziam os Paralamas do Sucesso.
Duvido que alguém o diga com orgulho – ou mesmo prazer.
Há quem chame o par de lentes apoiado no nariz de prótese; e não está errado, não.
Óculos pesam. O nariz de quem os usa fica marcado pelas borboletas que servem de contato entre o nariz e eles – os óculos. E se sua namorada usa lentes de contato, termine o namoro - ou nunca vá à piscina, praia nem cinema com ela. Namorar no carro, nem pensar.
Tenha sempre uma pia por perto. Óculos sujam. Flanelinhas só arranham os óculos – e não me refiro aos malas ou pobres diabos ou diabos mesmo que ficam passando pano sujo no carro da gente e a gente ainda paga por isso. Pronto: os desafetos Paralamas e Lobão já podem me processar, por tê-los deixado distantes entre si não mais que uns poucos parágrafos.
Óculos ficam tortos, arranham, empenam. Quebram - quando caem no chão e são pisados por quem os usa e abruptamente acorda depois de dormir assistindo a um chato - de óculos - na TV.
Ninguém fica mais intelectual por causa deles. Fica mais burro, porque, de tempos em tempos, briga com o grau das lentes – e sempre perde, ganhando mais graus.
Óculos sempre deixam quem os usa embaraçado, porque nunca sabe se deve perguntar cadê o MEU ou cadê os MEUS óculos. Esteja certo de duas coisas: eles cismam de desaparecer sempre que você os põe por instantes sobre qualquer prateleira, mesa, pia de banheiro público ou balcão de oficina mecânica; e são dois – no mínimo. São sempre plurais. Mais: eles são muitos e SABEM voar. Pronto: entre os já citados roqueiros, o cearense Ednardo há de apartá-los, me livrando de um processo criminal por abuso de aproximação.
Óculos: ame-os e não os deixe - a não ser que você goste da idéia de entregar seus olhos nas mãos de um sujeito que a vida inteira receitou óculos pra você.
Eu uso óculos. Apenas sem o orgulho característico de quem diz “Sou tijucano, com muito orgulho”.
Aí também seria demais.
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