Amoral: o que não tem moral. Muitas vezes o amoral é tido como espécie de marginal, - mas dos bandidos, não somente por ficar à margem, mas daqueles que ficam à nossa volta, roubando porcos, pérolas e lap-tops, mesmo que não faça nada disso, que não agrida nem avilte a nada ou ninguém.
“Atire a primeira pedra” meio que já diz tudo. É como se os puros fossem aqueles que não o são – pelo menos aqueles que não se dizem puros e que não nos exigem que o sejamos.
“Eis que é chegada a hora dos verdadeiros puros” – foi algo assim que disse Vinicius de Moraes, em livro desaparecido na bagunça de quem vem aqui desafiar as leis e especialmente os dicionários, igualmente distantes, neste momento.
Os verdadeiros puros provavelmente são amorais, por não gostarem da moral; a desprezam, por a saberem dedo a acusar outrem para esconder a própria mão que o traz, que costuma cometer delitos geralmente maiores que os supostamente cometidos pelo acusado.
A partir daqui é que se pretende introduzir um outro grupo, que poderá ser tido como amoral, ou, quem sabe, impuro: o dos afiéis.
Muito interessante observar que, dos gregos, dentre outras analogias, herdamos o αβ-to, que começa por uma negação; o contrário: A - de atemporal, anacrônico, anônimo, antônimo... Amoral.
Afiel.
Não precisamos ir ao dicionário para descobrir que os afiéis não se encontram lá, ao contrário dos fiéis e seu contrário, os infiéis. Mas urge que os afiéis passem a fazer parte das definições catalogadas.
Afiel é quem permanece único na vida de alguém e assim se mantém não por não perceber outras possibilidades e não por assim não se perceber. Tão somente se deixa único na vida de alguém por instinto: amorosamente, apaixonadamente, amoralmente; afielmente.
O resto é contrato, fidelidade, adultério, moral. E não a beleza do seu contrário; a do começo.
Pura, helênica e simplesmente “A”.
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