10.29.2014

PREVISÕES

A postura autoritária dará lugar à negociação. A cada rodada, as partes dirão que sim, cada parte fará uma parte do combinado e ambas se dirão plenamente satisfeitas com o resultado.

Haverá uma denúncia, um espanto, uma investigação.

Um doleiro será ressuscitado e outro será criado, não se sabe ainda se no laboratório ou na mídia comprada.

O PRONATEC distribuirá mais médicos, o Mais Médicos, mais bolsas famílias, finalmente integrando os programas sociais.

Mais creches e escolas serão criadas em locais estrategicamente subterrâneos, e novos leitos hospitalares serão inaugurados nos corredores dos hospitais.

Um ministro será bem recebido pelo mercado e outro, nem tanto. O Banco Central será declarado Tombini, o que não alterará a constituição.

A escassez e os preços da energia pressionarão a inflação, que estará controlada por decreto.

Faltará água nos estados governados pela oposição. Nos da situação, o problema será a seca.

Um plebiscito dará lugar a um referendo que dará lugar a uma reforma que dará lugar a uma CPI.

Manifestações correrão o país e uma constituinte específica será criada acerca do direito das manifestações se manifestarem sempre que quiserem, mas com regras mais rígidas para o tempo na TV dos cientistas políticos.

As olimpíadas serão um sucesso e o desempenho do país nos jogos será ufanisticamente decepcionante.

As eleições municipais trarão surpresas, como prefeitos reeleitos e outros não reeleitos. Vereadores finalmente votarão pelo fim do FMI.

Serão 39, 38, 37, 40 ministérios, sendo que um para Assuntos Estratégicos.

A oposição interporá, embargará, questionará, pressionará, tudo resultando em uma emenda constitucional, seguida de um decreto revogando todas as disposições em contrário.

O mandato será de cinco anos, sem direito à reeleição, condicionada à aprovação de um novo mandato após o da reeleição, a não ser que o candidato da situação seja ele.

Obama virá ao Brasil e os apertos de mão serão dezesseis, com um soquinho no final. Dilma depois manifestará na ONU sua indignação: a aliança do presidente norte-americano era um captador de pensamentos. Obama se dirá impressionado com o que se passa na cabeça da presidenta, e um acordo será selado para que os pensamentos captados só sejam revelados 100 anos após a morte do que morrer por último, porque quem morre por último morre melhor.

E, para que não restem dúvidas quanto à precisão dessas previsões, daqui a quatro anos todos estarão quatro anos mais velhos. E experientes.

10.12.2014

DIA DAS CRIANÇAS


Hoje é dia das crianças e você dorme como se fosse criança

porque você é uma criança

porque eu gostaria de ser

assim como você.

É como se hoje eu começasse meu dever de casa:

mandar o chato do adulto que eu sou embora

todos os dias

só pelo privilégio de ter você ao meu lado

todos os dias.

Feliz dia das crianças

pra você e todo mundo

todos os dias.

10.11.2014

DIMINUIR AS DESIGUALDADES


À exceção de quem quer ficar em cima de um trono, carregado e adorado por uma multidão faminta, diminuir as desigualdades sociais é um desejo coletivo. É bom para o capitalismo como igualmente bom para o socialismo e também para o comunismo. Mais mercados para o capitalismo, mais serviços para o socialismo e mais trabalho para a ditadura do proletariado; menores discursos e raras interrupções da nossa programação normal. Desde que estejam na pauta, e que a pauta seja de muitos e para muitos, mais segurança, mais educação, mais saúde. Maior a sensação de plenitude tanto para religiosos quanto para céticos; e raros, curtos sermões (talvez, quem dera, sem decapitações).

Condição necessária para a distribuição de renda é a própria: a renda. Não há como se distribuir o que não há. Mas não suficiente: basta lembrar de quem deseja ser adorado em cima do trono. O capitalismo é capaz de distribuir renda, como o socialismo de estimular mercados. Para os dois, a condição que falta à suficiência da primeira – a renda - é a mesma: descer do trono. Já para o comunismo, é possível distribuir tudo o que existir enquanto existir.

Voltando à nossa programação normal, pensemos no que tem acontecido na história recente do Brasil. DE FHC a Dilma, viramos da centro-direita para a centro-esquerda. Mais liberalismo econômico no período de FHC até meados do segundo de Lula e, de lá para cá, mais centralização, intervenção e interferência. Maior arroxo quando era preciso atrair investimentos e destronar a inflação; mais recursos quando estes eram mais fartos, mantidos os fundamentos do crescimento sustentado e, com isso, crescimento e inflação com fome e sem trono. Quando este – o trono - retornou à cena...

Será o tesouro nacional infinito? Será propriedade de alguém, que não da população nacional? Será que não estamos perdendo tempo com umbigos alheios e rivalidades alheias? Afinal, o que de fato nos interessa? Melhor distribuição de algo que exista ou desvio de algo que é finito? Melhor investimento do que é finito para que se multiplique e possa ser mais bem distribuído, ou desrespeito ao capital que produz e multiplica? Melhor gestão do que há de mais parecido com o socialismo – o social -, ou a pauta de uma só para cada vez menos – menos escolas, menos segurança, menos hospitais, menos qualificação?

É indispensável sonhar, acreditar e exigir, mas é preciso, lamentavelmente preciso ser adulto.

Não estamos discutindo esquerda ou direita. Estamos discutindo centro-razoável-competência contra centro-indecente-irresponsabilidade.

Entre a porca corrupção pontual e a grotesca corrupção sistêmica, sim, queremos as duas atrás das grades. Mas é preciso, lamentavelmente preciso distinguir uma da outra.

É preciso, lamentavelmente preciso ser adulto. E decidir.

 

10.05.2014

POR QUE AÉCIO


Porque em dois debates Aécio foi vencedor.

Porque eleitor apartidário e sem fanatismo tem o privilégio da escolha.

Sim: porque é preciso derrotar o governo que implodiu a Eletrobras, explodiu a Petrobras e paralisou a Economia.

Sim: porque trocar ministros não fez como não fará diferença, porque é preciso mudar a cabeça, porque a cabeça é autoritária, dona da verdade.

Sim: porque a opção Aécio é o voto útil – para o Brasil.

Sim: porque endosso ao erro e omissão precisam dar lugar à esperança; ao voto.

Em Aécio.

Florianópolis, 5 de outubro de 2014, mariobenevides.blogspot.com.